Jovem morre após passar mal em mergulho no RN; família suspeita de acidente com peixe-leão
20/05/2025
(Foto: Reprodução) Caso aconteceu na noite de domingo (18) em praia de Grossos, na região da Costa Branca potiguar. Tiago Rodrigues da Silva morreu após passar mal em mergulho
Reprodução
Um jovem de 25 anos morreu após passar mal durante um mergulho para pesca, na praia de Pernambuquinho, em Grossos, na região da Costa Branca do Rio Grande do Norte. O caso aconteceu na noite do último domingo (18).
Segundo a Polícia Civil, no boletim de ocorrência registrado, familiares apontaram a suspeita de que o jovem tenha sido ferido por um peixe-leão - uma espécie invasora que tem sido encontrada no litoral potiguar nos últimos anos.
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A confirmação do possível acidente com peixe, no entanto, ainda depende de laudos que deverão ser apresentados pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).
A vítima foi identificada como Tiago Rodrigues da Silva, de 25 anos. Ele era morador do município de Tibau.
Segundo o delegado Luis Fernando, de Tibau, o jovem teria passado mal durante a pesca, foi até o barco, mas não resistiu e morreu no local.
Ele afirmou que a delegacia recebeu o boletim de ocorrência registrado no plantão, mas ainda não ouviu familiares do rapaz e deve dar continuidade às investigações quando receber os laudos periciais.
"Quando a Polícia Militar chegou ao local ele já estava sem vida. O boletim fala do peixe. Quem fez o BO foi um familiar que diz que ele foi vítima do peixe. Vamos aguardar o Itep", relatou.
Uma familiar disse ao g1, que, ao subir no barco, o jovem relatou que teria sido "picado" três vezes por um peixe-leão.
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Perícia
Segundo o perito Clélio Soares, do Itep, os exames iniciais não encontraram sinais de afogamento no corpo da vítima.
"A dinâmica que foi relatada é de que ele sofreu um acidente, foi para jangada e nessa jangada ele passou mal e faleceu. Então está condizente com os vestígios encontrados: a ausência de sinais claros de afogamento", disse.
"O trabalho tenta identificar por que houve uma morte súbita. Essa morte súbita pode ocorrer por vários fatores. Você tem morte súbita por infarto, por AVC, por choque anafilático, se for o caso, em contato com alguma substância química ou veneno, como tem sido descrito. Então, para a perícia, a gente não pode afirmar nada, no momento, acerca da causa da morte desse cidadão", acrescentou o perito.
Um dos materiais coletados foi o sangue da vítima para descobrir se há toxina, veneno ou alguma outra substância que possa ter relação com a morte. O perito ainda relatou que foram encontradas marcas nas mãos de Tiago.
"Foi coletada parte desses tecidos para encaminhar para exames, para saber se realmente tem alguma substância estranha, ou alguma alteração naquele tecido, para poder identificar se aquilo realmente entrou em contato com uma substância química intoxicante, por exemplo", disse o perito.
A expectativa é de que os laudos sejam concluídos em até 60 dias.
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Animal é invasor
De acordo com a professora Emanuelle Fontenele Rabelo, do Departamento de Biociências da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), o peixe-leão não costuma atacar, porém, acidentes com o animal acontecem quando pessoas entram em contato com ele e acabam se furando nos seus longos espinhos.
"Esses espinhos apresentam bastante veneno. Após o contato com esse veneno, a pessoa pode ter uma taquicardia, pode ter convulsão, uma dor muito forte. Às vezes tem desmaio, inflamação no local, podendo infeccionar", afirma a pesquisadora.
Por outro lado, a pesquisadora ressaltou que o Brasil não conta com nenhum caso confirmado de morte após contato do ser humano com o peixe.
"A literatura científica já mostra que não existe muitos casos de morte pela toxina do veneno do peixe-leão. No Brasil, a gente não tem relato nenhum de morte de pescador ou de qualquer outra pessoa que entrou em contato com esse veneno. O que acontece são essas consequências", pontua.
Em caso de acidentes, a orientação é que se coloque um pano morto no local e que a pessoa atingida procure um atendimento médico.
A pesquisadora ainda afirma que o aumento da presença do animal invador nas águas do litoral potiguar é preocupante, não apenas para a segurança de banhistas e pescadores, como para preservação da fauna local.
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