Bolsonaro nega relação com tarifaço de Trump e diz que não pode negociá-lo: 'não tenho os contatos'
21/07/2025
(Foto: Reprodução) 'Bullying de Trump contra Brasil está saindo pela culatra', diz jornal dos EUA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou em entrevista ao blog nesta segunda-feira (21) relação com tarifaço de 50% contra produtos brasileiros anunciado pelo governo Donald Trump, e disse não ter o que fazer em relação à medida.
A entrevista foi feita por videoconferência. Bolsonaro estava acompanhado do advogado, Paulo Cunha Bueno.
"Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira", afirmou Bolsonaro.
Questionado se não tinha o que fazer em relação à medida, o ex-presidente respondeu: "Eu não tenho contato com autoridades americanas."
Ao anunciar a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, Trump citou Bolsonaro e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (veja a íntegra do documento). Na ocasião, Bolsonaro disse admirar o republicano e, numa postagem dias depois, afirmou que com anistia "haverá paz para a economia".
📈Uma pesquisa Quaest divulgada na última terça-feira (16) mostrou que 72% dos brasileiros são contra o tarifaço, e 79% avaliam que vai prejudicar suas vidas. Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes a medida "jogou o eleitor de centro para colo de Lula (PT)", que passou a vencer Bolsonaro num eventual 2º turno em 2026 (antes, estavam empatados).
Na entrevista desta segunda, Bolsonaro disse que "qualquer pessoa sabe" que a imposição da tarifa significa "um impacto enorme para a economia brasileira" e que a solução para o impasse é "ir lá conversar com Trump" para "ouvir as condições dele".
Bolsonaro, entretanto, voltou a elogiar o presidente norte-americano.
"Eu não vou falar o que eu acho para o Trump. Eu tenho profunda gratidão e respeito por ele (...)Tivemos um excelente relacionamento. Ele queria taxar o aço e o alumínio em 2019. Eu conversei com ele e ele não taxou. Esse governo Lula até hoje não buscou em contato com o Trump", afirmou.
O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, fala com a imprensa enquanto deixa a sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, para ir para casa devido às medidas restritivas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 18 de julho.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
'O Eduardo não pode falar em nome do governo brasileiro'
Bolsonar negou que o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – que tem liderado articulações nos Estados Unidos em favor de retaliações ao Brasil em razão do julgamento do pai – possa negociar com as autoridades americanas – na última quarta (16), ele havia dito que "quem está à frente dessa negociação chama-se Eduardo Nantes Bolsonaro".
"Ele não pode falar em nome do governo do Brasil", disse, agora, Bolsonaro. "O Eduardo não pode falar em nome do governo brasileiro."
Em relação à atuação do filho, o ex-presidente disse ainda que chegou a pedir "para que ele segurasse, "medisse as palavras", mas chamou-o de "um cara responsável" e não quis dizer se acha que ele deve voltar ao Brasil – a licença do parlamentar terminou no domingo (20).
"Eu não acho nada. Ele é maior de idade, pessoa responsável, tem vergonha na cara, está fazendo um trabalho pela nossa liberdade.'"
'Não é quase nada esses US$ 14 mil'
Na entrevista, o ex-presidente também minimizou os US$ 14 mil apreendidos pela Polícia Federal, na casa dele, na sexta-feira (18).
"Você acha que 14 mil dólares é muita coisa?", afirmou. "Eu tenho um bom recurso no banco. No momento, tive lá R$ 17 milhões lá atrás do pix, né, caiu bastante. Despesas... e tem um bom recurso. Então, perto do que eu tenho no banco em dinheiro que tá no banco, não é quase nada esses US$ 14 mil".
Bolsonaro afirmou, ainda, ter ouvido dizer que no pen drive encontrado pela PF em um banheiro – que perícia apontou não ter nada relevante para a investigação – contém "música gospel e foto de família".
Bolsonaro diz que deve participar de reunião no Congresso
O ex-presidente voltou a defender a anistia para os envolvidos em 8 de janeiro – que poderia beneficiá-lo – e disse que, como "um animal político", vai continuara discutir "todos os assuntos com todo mundo".
"Olha o Congresso, pela Constituição, anistia é algo privativo do Parlamento. Agora, quando a começa a discutir anistia, alguém do Supremo fala 'se aprovar nós vamos nós vamos declarar inconstitucional'. Acabou a conversa."
Boslonaro disse ainda que deve participar de reuniões da bancada do PL no Congresso – as medidas restritivas impostas por Moraes não impedem que o ex-presidente vá ao Parlamento.