Quem é Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus que vai participar da escolha do novo papa
22/04/2025
(Foto: Reprodução) Primeiro cardeal da Amazônia está entre os sete cardeais brasileiros incluídos na lista do Vaticano para participar do Conclave, a cerimônia que define o novo pontífice. Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, durante uma celebração de missa em 4 de agosto de 2022
Reuters
Com a morte do papa Francisco, na segunda-feira (21), o Vaticano realiza o Conclave — processo de eleição que define o novo pontífice. Sete cardeais brasileiros estão entre os participantes, incluindo o cardeal e arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Saiba quem é.
Jorge Mario Bergoglio morreu às 2h35 pelo horário de Brasília (7h35 no horário local), aos 88 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) seguido de falência cardíaca. O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.
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Agora, o Vaticano dá início ao processo que vai eleger o novo papa: o Conclave. A escolha do sucessor de Francisco deve durar até 20 dias. De acordo com as regras da Igreja Católica, apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar. Dos oito cardeais brasileiros, sete se enquadram nesse critério — entre eles, o arcebispo de Manaus.
Natural de Forquilhinha, no interior de Santa Catarina, Leonardo Ulrich Steiner foi nomeado arcebispo metropolitano de Manaus em 2019. Três anos depois, em 2022, recebeu o título de cardeal da Amazônia, nomeado pelo próprio Papa Francisco.
"Ele é o cardeal da Amazônia, é aquele que vai ser consultado pelo Papa para uma realidade específica, como um conselheiro. Os cardeais são essas instâncias dentro da Igreja que ajudam o papa a governar, a exercer esse grande mandato do Senhor de levar em frente a animação pastoral da Igreja, de conversar com as realidades", afirmou o pároco da Paróquia São Francisco das Chagas, em Manaus, frei Paulo Xavier, na época em que Steiner tomou posse como cardeal.
Nascido em 6 de novembro de 1950, Steiner ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1972, ao ser admitido no Noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Foi ordenado padre por Dom Paulo Evaristo Arns em 1978. Cursou pedagogia e se tornou mestre de noviços.
Em 1995, mudou-se para Roma, onde concluiu o mestrado e doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum. Entre 1999 e 2003, atuou como secretário-geral da mesma universidade.
De volta ao Brasil, foi nomeado vigário da Paróquia Bom Jesus, em Curitiba, e passou a lecionar na Faculdade São Boaventura. Em 2005, tornou-se bispo da prelazia de São Félix, no Mato Grosso, e, em 2011, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília, exercendo também o cargo de secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre 2011 e 2019.
Seu lema episcopal é "Verbum caro factum est", que significa "O verbo se fez carne".
Cardeal brasileiro, Leonardo Steiner, recebendo sua promoção ao cargo
Remo Casilli/REUTERS
Durante entrevista coletiva realizada na sede da Cúria Metropolitana de Manaus na segunda-feira (21), Dom Leonardo falou sobre o ministério petrino de Francisco, destacando seu compromisso com os mais pobres, sua atenção às periferias e sua postura acolhedora diante dos desafios contemporâneos da Igreja.
"O nosso sentimento primeiro é de gratidão. É claro que sentimos, lamentamos muito, mas o nosso sentimento é de extrema gratidão. O papa Francisco devolveu à igreja fundamentos necessários e por isso somos extremamente gratos por isso".
Steiner também comentou um dos primeiros gestos significativos do Papa Francisco: a convocação do Ano da Misericórdia, em 2016. Para ele, o pontífice jesuíta será lembrado como um "papa misericordioso".
"Uma das primeiras colocações do seu pontificado foi a misericórdia. Ele convocou o Ano Santo da Misericórdia recordando que o mistério do amor está envolvido pela misericórdia. A misericórdia é a expressão do amor. Misericórdia essa que não é apenas perdão, mas, sobretudo, o acolhimento dos pobres", finalizou.
O cardeal informou ainda que deve receber, nos próximos dias, uma comunicação oficial sobre o funeral de Francisco e o início do Conclave, que definirá o novo líder da Igreja Católica.
Nesta terça-feira (22), o cardeal da Amazônia vai presidir um missa em homenagem ao papa Francisco, na Catedral Metropolitana de Manaus, a partir das 18h.
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A palavra "conclave" vem do latim cum clavis e significa "fechado à chave". É por meio dele que a Igreja Católica elege o novo papa.
Durante os dias de eleição, cardeais do mundo todo ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como "zona de Conclave". Eles também fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo.
Todos os cardeais que participam da eleição ficam impedidos de utilizar qualquer meio de comunicação com o exterior. Ou seja, eles não podem usar telefones, ler jornais ou conversar com pessoas de fora do Vaticano. Essas medidas foram adotadas para evitar que a votação seja influenciada.
As votações acontecem dentro da famosa Capela Sistina. Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos — que são secretos e queimados após a contagem.
Ao todo, até quatro votações podem ser realizadas diariamente, sendo duas pela manhã e duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja continuar sem papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações. Outra pausa pode ser convocada após mais sete votações sem um eleito.
Caso haja 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de "segundo turno". Ainda assim, será necessário atingir dois terços dos votos para que um deles seja eleito.
Quando um cardeal é eleito, a Igreja questiona se ele aceita o cargo de papa. Se ele concordar, o religioso também precisa escolher um nome. Em seguida, ele é levado para um ambiente conhecido como "Sala das Lágrimas", onde veste as vestes papais.
Por fim, o novo papa é anunciado à multidão que aguarda na Praça de São Pedro. O pontífice é apresentado diretamente da sacada da Basílica, onde é proclamada a famosa frase "Habemus Papam" ("Temos um Papa").
Veja quem são os brasileiros que podem participar do Conclave:
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
O único cardeal brasileiro que não poderá participar do Conclave é Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, de 87 anos. Ainda assim, ele será convidado a integrar o Colégio dos Cardeais, que discutirá assuntos inadiáveis da Igreja até a escolha do novo papa.
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